Acéfalo - João Pestana, Lawless

Acéfalo, o rei vai nu e sem cabeça

Ver queimar o reino sem sentido de pertença

Acéfalo, o rei vai nu e sem cabeça

Ver queimar o reino sem sentido de pertença

Acéfalo, o rei vai nu e sem cabeça

Ver queimar o reino sem sentido de pertença

Não há quem convença, sua realeza

A levar a real Gana nquanto gala uma princesa

Ou cura a lepra e alimnta os pobres

Já Deus dizia, se existe esperança está nos proles

Eu ouço o soar dos foles nos funerais e casamentos

Pela janela do castelo e queria ser como eles

Nascer, reproduzir e morrer

Ver o sol minguar e desaparecer

Para mais tarde nascer

Seguro por ver repetição acontecer

Nos salões da corte nem a cabeça sei manter

É vê-los a mexer, era corte nos pescoços gordalhufos

Que lutam por tais louros suster

As deles espetadas com safiras empunhadas

A minha guardada, ou fica putrefacta

É preciso jogo de armadura

Acéfalo, o rei vai nu e sem cabeça

Ver queimar o reino sem sentido de pertença

Acéfalo, o rei vai nu e sem cabeça

Ver queimar o reino sem sentido de pertença

Acéfalo, o rei vai nu

Corta pela linha recta já que a coroa pesa

Livrei me do gibão se a farpela não assenta

Não é tanto o ouro mas aquilo que acarreta

O sangue que congrega, o choro que representa

Aparem me o chapeleiro em praça pública

Haja evolução ä mente pudica

Morte aos reis e às classes únicas

Se a classe é unida, vês que a única manifestação de vida

Será na noite temida, cavalo decepado

E luz duma lâmpada fundida suave brilha embutida

Na abóbora putrefacta que temes ver na saída

Levo a moleira na sacola, afinal preciso de companhia

A estrada depois da purga nunca finda

Sou a morte na segunda vida

A terra não há de comer o que um dia vi

Mesmo que enterrem o corpo a cabeça fica por aí